Um sapato romano com 32 centímetros de comprimento, equivalente ao tamanho 44 ou 45 masculino no Brasil, foi encontrado intacto na Inglaterra
Luiza Lopes Publicado em 12/06/2025, às 14h00
Um sapato romano com 32 centímetros de comprimento, equivalente ao tamanho 44 ou 45 masculino no Brasil, foi encontrado intacto no forte de Magna, no norte da Inglaterra. A descoberta ocorreu durante as escavações conduzidas pelo Projeto Magna, que investiga estruturas externas ao forte, incluindo fossos, rampas e muralhas.
O local, também conhecido como Carvoran, integra a linha de fortificações ao longo da Muralha de Adriano, construída por volta de 122 d.C. para marcar o limite norte do Império Romano. Foi no fundo de um desses antigos canais defensivos que os arqueólogos encontraram o sapato de quase 2.000 anos.
Em comunicado, a arqueóloga-chefe Rachel Frame explicou que tratava-se de um “quebra-tornozelo” — um canal estreito e profundo, projetado para ficar oculto sob a água, onde inimigos podiam tropeçar, quebrar o tornozelo e ficar imobilizados. O calçado possui todas as camadas da sola preservadas, parte do calcanhar ainda presa e a maioria dos pregos metálicos na sola externa intactos.
“Isso nos permite observar com clareza como os sapatos romanos eram construídos: várias camadas de couro formavam a sola, mantidas unidas por tiras, costuras e pregos. Esses pregos também reforçavam a superfície externa para a caminhada e são comuns em diversos modelos da época”, afirmou Frame.
Infelizmente, a parte frontal está ausente, o que impede uma medição exata do tamanho original, mas ainda assim é evidente que se tratava de um sapato grande”, acrescentou.
Além do sapato gigante, foram encontrados outro calçado em bom estado, fragmentos de couro, cerâmicas de diferentes estilos e estacas de madeira. Segundo a arqueóloga, os objetos estavam preservados graças ao ambiente sem oxigênio no fundo do fosso, o que impediu a decomposição do material orgânico.
Os artefatos agora serão analisados por especialistas para tentar identificar quem os usou e ampliar o conhecimento sobre os ocupantes de Magna na época romana. A equipe ressalta que descobertas como essas estão cada vez mais ameaçadas pelas mudanças climáticas, que afetam a preservação do solo arqueológico.
Para os pesquisadores, encontrar um item tão pessoal quanto um sapato representa uma conexão direta com o cotidiano de quem viveu ali. “É sempre emocionante encontrar algo que não foi tocado por 2.000 anos, mas um sapato é um item muito pessoal; ele realmente te conecta com quem viveu aqui no forte”, escreveu um dos voluntários do projeto no blog da escavação.
