Protestos iniciados após suposta agressão sexual a menina de 13 anos terminam em duas noites de vandalismo, ataques à polícia e perseguição; entenda!
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 11/06/2025, às 18h20
A cidade de Ballymena, no Condado de Antrim, Irlanda do Norte, viveu duas noites de caos, violência e destruição que chocaram o país e reacenderam temores de tensões raciais na região.
O que começou como um protesto pacífico na segunda-feira, 9, em apoio à família de uma menina vítima de suposta agressão sexual rapidamente degenerou em tumultos violentos, com ataques a policiais, incêndios criminosos e perseguição a minorias étnicas.
Na noite de terça-feira, 10, a situação se agravou: manifestantes mascarados atacaram agentes da Polícia da Irlanda do Norte (PSNI) com coquetéis molotov, tijolos, fogos de artifício, garrafas de vidro e pedaços de metal.
Para conter o avanço dos grupos violentos, a polícia respondeu com tiros de cassetete e uso de canhões de água. De acordo com as autoridades, 17 policiais ficaram feridos somente na segunda noite — somando 32 agentes machucados desde o início dos confrontos.
Além dos ataques aos policiais, os manifestantes incendiaram carros, um lava-rápido, uma loja de pneus e até residências. Propriedades localizadas na Bridge Street e na Queen Street foram destruídas pelo fogo, e moradores de minorias étnicas aram a exibir cartazes em suas janelas para indicar suas nacionalidades, temendo ser alvos dos agressores. Entre os avisos vistos nas casas estavam mensagens como "Família britânica" e "Filipino mora aqui".
Um oficial sênior da polícia classificou os atos como "banditismo racista" e alertou que a motivação dos distúrbios parecia ter como alvo comunidades estrangeiras da cidade. O subchefe Ryan Henderson afirmou que o PSNI está empenhado em identificar os responsáveis pelos ataques "motivados por ódio racial" e levá-los à justiça.
Ele também fez um apelo público por informações que ajudem nas investigações e condenou qualquer tentativa de justificar os atos de violência.
Segundo o 'Independent', cinco pessoas foram presas por comportamento turbulento e permanecem sob custódia policial, enquanto um homem de 29 anos foi formalmente acusado de desordem pública. A polícia não descarta novas prisões e disse estar analisando imagens de câmeras de segurança e relatos de testemunhas.
A violência teria sido desencadeada após a acusação contra dois adolescentes de 14 anos, suspeitos de tentativa de estupro contra uma menina local. Os jovens compareceram ao tribunal acompanhados de um intérprete romeno, já que não falam inglês fluentemente. Uma terceira pessoa também foi detida na noite de segunda-feira, em conexão com o caso.
A situação em Ballymena, cidade com cerca de 30 mil habitantes, foi descrita como "extremamente preocupante" pelo porta-voz do primeiro-ministro britânico. "Os relatos de agressão sexual são graves, mas nada justifica ataques à polícia ou vandalismo contra propriedades e famílias inocentes", declarou.
A Secretária da Irlanda do Norte, Hilary Benn, usou as redes sociais para expressar repúdio ao que chamou de "terríveis cenas de desordem civil" e reforçou que não há espaço para violência desse tipo no país.
Enquanto as equipes de limpeza tentam restaurar a normalidade nas ruas devastadas de Ballymena, a presença policial foi intensificada e agentes de reforço da Inglaterra e do País de Gales estão de prontidão para ajudar caso os distúrbios voltem a ocorrer. As autoridades locais alertam que as investigações prosseguem e novas ações policiais não estão descartadas.
