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Inspirado na história real da família de Eunice e Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui é ambientados nos horrores da ditadura militar
Publicado em 28/02/2025, às 18h00 - Atualizado em 03/03/2025, às 09h28
O filme "Ainda Estou Aqui", que representou o Brasil na edição de 2025 do Oscar — vencendo o prêmio de Melhor Filme Internacional —, chama atenção do público e da crítica.
Com direção de Walter Salles, a obra cinematográfica retrata a trajetória de Eunice Paiva, uma mulher que se tornou símbolo de luta por justiça após o desaparecimento de seu esposo, Rubens Paiva, um deputado que teve seu mandato cassado durante os horrores da ditadura militar brasileira.
"No início da década de 1970, o Brasil enfrenta o endurecimento da ditadura militar. No Rio de Janeiro, a família Paiva - Rubens, Eunice e seus cinco filhos - vive à beira da praia em uma casa de portas abertas para os amigos. Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece", resume a sinopse do filme.
No dia 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado de sua residência por agentes do Centro de Informações e Segurança da Aeronáutica (CISA). O último local conhecido onde ele foi mantido foi o Destacamento de Operações de Informações (DOI), localizado na Tijuca, Rio de Janeiro.
Logo após a detenção de Rubens, Eunice e sua filha Eliana, que tinha apenas 15 anos na época, também acabaram no mesmo local. Enquanto a mãe enfrentou um período de encarceramento que durou 12 dias, a menor de idade permaneceu sob custódia durante 24 horas.
O filme retrata bem o encarceramento, entretanto, não exibe cenas explícitas. Durante entrevista à Marie Claire, a filha de Eunice relembrou o episódio.
Fui apalpada, tomei coque na cabeça [golpe na cabeça dado com o nó dos dedos] enquanto me chamavam de comunista. Depois do segundo interrogatório, os guardas aram pelo corredor e apalparam meu peito, por exemplo", disse ela ao veículo.
Irritada com a situação, Eliana relembrou que disse ao interrogador que, por ser menor de idade, não poderia permanecer mais de 24 horas no local.
A filha de Rubens Paiva revelou que 'enfiaram o dedo em tudo quanto é lugar' enquanto era revistada.
"(...) Quando eu e mamãe entramos no DOI-Codi, fomos separadas. Fui revistada de uma maneira brutal, enfiaram o dedo em tudo quanto é lugar, e eu estava de capuz. Depois disso vi ela uma única vez: ela entrando e eu saindo da cela de interrogação. Ela virou pra mim e falou: 'Filhinha, está tudo bem?'. Uma maneira bem doce de falar. 'Fica tranquila, nada vai acontecer.' Aí voltei para o corredor, sentada, e desabei. Chorei de soluçar", explicou.
Embora seja baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, irmão de Eliana, o filme adapta muito momentos. Conforme explicado por Eliana, muitos momentos são condensados.
"Aquela cena de dança, muita alegria, é um pouco condensada. As relações da minha mãe com cada um também era algo individual, pontual, a depender do papel de cada um na família", disse Eliana.
Ela também explica que seu pai trabalhava muito e que não estava na farra o tempo todo. "Não era festa o tempo todo. E ele não bebia. Ninguém bebia em casa. Eventualmente um vinho ou Campari", destacou.
Juliana Dal Piva, autora de 'Crime sem castigo: Como os militares mataram Rubens Paiva', relembrou em entrevista à AH o que aconteceu com Rubens Paiva após ser levado de casa por militares.
"Rubens é levado de casa na frente da mulher e dos filhos. É sequestrado e preso, porque foi levado de maneira ilegal, sem uma ordem, sem uma justificativa, sequer legal para isso. Sai de casa dirigindo o próprio carro, e é levado ao DOI-CODI, e nunca mais é visto com vida. Ele é torturado por cerca de 24 horas, pouco mais do que isso, e é assassinado sob tortura. E depois tem a monstruosidade do corpo dele ser enterrado e desenterrado várias vezes pelo Rio de Janeiro para que o corpo fosse ocultado. A ditadura sabia que não podia entregar um corpo todo violentado de uma pessoa que tinha saído de casa, saudável, e da qual tinham várias testemunhas do momento em que ele saiu de casa, foi levado pelos militares", explicou a autora.
"Ainda Estou Aqui", foi indicado ao Oscar nas categorias "Melhor Filme", "Melhor Atriz" e "Melhor Filme Internacional" pode ser assistido nos cinemas ao redor do Brasil.