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Uma das figuras mais enigmáticas da história de Hollywood conta com mais de 50 créditos como diretor — mas nunca existiu de verdade
Alan Smithee, uma das figuras mais enigmáticas da história de Hollywood, conta com mais de 50 créditos como diretor desde 1968, sendo considerado o mais prolífico da indústria. O detalhe curioso — e crucial — no entanto, é que Smithee nunca existiu de verdade.
Criado em meados do século ado pelo sindicato dos diretores americanos, o Directors Guild of America (DGA), Alan Smithee é um pseudônimo utilizado por cineastas que, por diversos motivos, quiseram renegar o filme que dirigiram.
Segundo o portal Hindustan Times, a origem do nome remonta ao faroeste "Death of a Gunfighter" (1969), que no Brasil ganhou o título "Só Matando".
Durante as filmagens do longa, o ator principal substituiu o diretor Robert Totten por Don Siegel. No fim, nenhum dos dois quis a obra, que havia se transformado em um produto do controle criativo do astro.
Para resolver a situação, o sindicato criou o nome Alan Smithee, que estreou nos créditos como se fosse um novo talento promissor. Ironicamente, o filme foi bem recebido — o crítico Roger Ebert chegou a elogiar a "naturalidade" da direção de Smithee, sem saber que ele não ava de uma invenção.
A partir daí, o nome se tornou uma solução institucional para conflitos entre diretores e estúdios. Assim, se um diretor provasse para um da DGA que havia perdido o controle criativo de seu filme, ele poderia pedir que seu nome fosse removido e substituído por Alan Smithee. Havia, porém, uma regra clara: o diretor não poderia falar publicamente sobre a renúncia. O silêncio era parte do acordo.
Nos anos 70, 80 e 90, Alan Smithee ou a aparecer em filmes de peso. Em 1984, David Lynch pediu que seu nome fosse retirado da versão para TV de "Duna", que teve alterações drásticas no corte original.
Em 1992, Martin Brest renunciou à versão editada para voos aéreos de "Perfume de Mulher", que rendeu a Al Pacino um Oscar. Em 1995, Michael Mann fez o mesmo com o corte televisivo de "Fogo Contra Fogo", estrelado por Pacino e Robert De Niro.
Com o tempo, Smithee "dirigiu" outras grandes estrelas como Brad Pitt, Russell Crowe e Jeremy Renner e se aventurou até mesmo em episódios de programas de TV e videoclipes.
Mas o segredo de Smithee estava com os dias contados. Em 1997, um filme satírico chamado "An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn" ("Hollywood - Muito Além das Câmeras", no Brasil) expôs o pseudônimo ao grande público.
A comédia conta a história de um diretor chamado — ironicamente — Alan Smithee, que quer remover seu nome de um filme que detesta, mas descobre que não pode porque seu nome já é... Alan Smithee.
A exposição foi tamanha que, no ano seguinte, o caso se repetiu de forma mais dramática com o intenso embate em "American History X" ("A Outra História Americana"). Na época, o diretor Tony Kaye tentou tirar seu nome do projeto, após disputas com o estúdio, mas não conseguiu. O caso se tornou público, e o segredo de Smithee foi revelado de vez.
Para Martha Coolidge, diretora de filmes como "Joy of Sex" (1984) ouvida no início dos anos 2000 pelo Los Angeles Times, a decisão de renegar um filme não é tomada levianamente. Ela descreve o dilema com brutal honestidade: “O filme vai me envergonhar, me humilhar, me enojar pelo resto da minha vida?”. Se a resposta for sim, o recurso do pseudônimo torna-se um ato de proteção criativa — e emocional.
No entanto, com a popularização da internet, manter segredos como o de Smithee tornou-se inviável. O público ou a investigar e descobrir rapidamente quem estava por trás de cada obra renegada. Assim, a DGA aposentou oficialmente o nome em 2000. O último filme a utilizar o pseudônimo foi o terror "Old 37", lançado em 2015.
Ainda assim, Alan Smithee não desapareceu completamente. O conceito, na verdade, sobrevive, disfarçado sob outros nomes. O documentário "Who Is Alan Smithee?", dirigido por Lesli Klainberg e exibido pela American Movie Classics, mergulha nesse universo com entrevistas, bastidores e depoimentos de profissionais que recorreram ao uso do pseudônimo como último recurso.
Como destacou o historiador de cinema Stephen Hock, "Alan Smithee é a vergonha secreta de Hollywood. Ele é o homem que Hollywood preferiria que não conhecêssemos, não falássemos e não fizéssemos perguntas."